terça-feira, 14 de janeiro de 2014

A arte de bem enganar (CXX)


Imaginem cães pastores pastoreando as ovelhas, guiando-as por entre pastos verdes, indicando que caminho trilhar. Se já visualizaram a imagem e apareceram pessoas em vez de ovelhas, então, está tudo bem com o vosso cérebro.

Vejo muitos com vontade de agir e poucos para pensar. O que é mau. Primeiro pensa-se e depois age-se. Ouço que muitos andam a "acordar" para a vida, mas, não seria isso espectável? Não será essa uma das reacções mais básicas após uma implosão económica e social? Parece-me que sim, o que não quer dizer que esse "acordar" leve as hordas inconscientes a desvendarem alguma coisa, apenas sentiram uma forte mudança nas suas vidas e por quererem repor tudo como estava anteriormente, protestam. Por isso, adivinhar as consequências geradas após a implosão económica de um país é tão ou mais importante que o próprio desmoronamento civilizacional.

Grande parte deste trabalho de "projecção futura" é realizado pelos serviços secretos, tal como apresentei neste meu artigo.

http://profundaescuridao.blogspot.pt/2012/11/the-real-deal-1-parte-xcvi.html

A reformulação civilizacional do mundo ocidental também conhecida por nova ordem mundial, entrou numa nova fase desde 2001. E o que eu quero que vocês percebam é que entre 2001 e 2007, passos foram dados de modo a conduzir-nos ao destino fatal. Pensar que os servos da politica que estiveram a comandar o barco nesse período só se aperceberam que não havia dinheiro quando o cofre estava mais vazio que o habitual, é passar um claro atestado de estupidez ao povo, mas a coisa pegou.

No inicio do novo milénio boa parte dos países ocidentais gozava de uma estabilidade económica e social aceitável. Portugal por exemplo, tinha 4% de desempregados e a economia crescia, por isso, não se podia simplesmente passar todas estas leis miseráveis de um momento para o outro. Em 2001 Entrávamos assim e sem sabermos numa outra fase da utopia privada.

E nada é por acaso, quando os derivativos foram inventados pela tropa financeira que sempre acompanhou Bill Clinton (Larry Summers, Alan Greenspan), os países, agora em socorro internacional permitiram que esses mesmos instrumentos bancários e fraudulentos fossem usados pelos bancos nos contratos realizados com o estado de modo a ir aumentando a dívida pública. Conscientemente. Assim, grande parte dos contratos realizados pela máquina estatal com os bancos trazia sempre a inclusão de swaps entre outras pornografias monetárias bem menos dispendiosas para o povinho pagar.

As parcerias entre o estado e os privados dispararam exponencialmente porque tudo servia para aumentar a bolha pública. Não é com gastos de milhões que se conseguia arrebentar com a dívida, é com milhares de milhões, isso sim é produzir alguma mossa.

Desde o acordo celebrado em 2001 entre o Banco Mundial/FMI e respectivos países ocidentais, onde se decidiu que todos os serviços estatais seriam transferidos para os privados, que as suas dívidas públicas duplicaram e triplicaram num curto espaço de tempo. Propositadamente. A-c-o-r-d-e-m!!!

http://www.activistpost.com/2011/03/rothschild-bankers-looting-nations.html

Em Portugal, esta transferência englobou tudo, desde os correios aos estaleiros navais, tudo foi entregue, ficando só a faltar as águas públicas, mas também isso irá pelo caminho mais cedo ou mais tarde.

Depois de andarem 7 anos a acumular divida, os países europeus estavam prontos para o passo seguinte. Enquanto os States continuam a imprimir dinheiro fiat (quantitive easing) para o barco não afundar, os europeus sacaram do tratado de Lisboa de modo a agregar o mundo bancário e financeiro nas mãos dos maoístas. Tudo terá de ser "unido" num só, e o sistema bancário não foge à regra, apesar de todos participarem nas depravações financeiras à que haver supervisão do aparelho central da nova Moscovo.

A pressão que houve para o tratado ser assinado num curto espaço de tempo foi enorme e suspeita meu ver, até se deram ao trabalho de cagar pura e simplesmente para o voto popular, que em três países foi bastante esclarecedor. O voto contra o tratado ganhou nestes países porque existiu debate e porque foi revelado às pessoas a verdadeira intenção dos maoístas da Nova Moscovo. e o que é que eles fizeram? Passaram à segunda fase da dita democracia ocidental que consiste em cagar nesse mesmo voto popular. Brilhante, lembrem-me de ir votar para as europeias.

Deu muito jeito o tratado de Lisboa ter sido aprovado no ano anterior ao inicio da crise. E de outra forma não poderia ser e passo a explicar porquê. Neste novo tratado, que nunca ninguém se deu ao trabalho de ler, tivemos a inclusão de uma lei que simplesmente impede os estados de recorrerem ao BCE em caso de ajuda, situação essa que por sinal até veio a acontecer um ano mais tarde.

Lidamos com génios, meus senhores. Esta escumalha conseguiu bloquear todas as saídas possíveis em caso de ruína financeira, antes mesmo desta ter sido declarada pelos países envolvidos.

Toda esta amalgamação de países que pouco a pouco tornar-se-ão províncias de um império maior não é desperdiçada por aqueles incumbidos de continuar o processo, e muito menos posta em causa por desvarios de alguns tipos do mundo financeiro. Isso nunca aconteceu, nem nunca acontecerá, porque, quem controla, é quem faz as leis, não é quem têm o dinheiro.

E quando temos uma lei que impossibilita os estados, outrora soberanos, de financiarem-se directamente na fonte, então, só podemos concluir que houve premeditação para que assim fosse. Lembram-se do "porreiro pá"? O homem sabia o que vinha a seguir aquele tratado. Nesse dia, toda aquela cambada de inúteis passou a pertencer ao puzzle, acrescentando um pouco mais à "obra", tal como já tinha sido feito com todos os outros tratados europeus que têm um único intuito, que é o de retirar a soberania natural às instituições governamentais que gerem os países, deixando-as activas, mas vazias de poder.

A única porta que salvaria os países visados de não ruírem quando a bolha rebentasse, estava selada pelo tratado. A bolha rebentou, e os big boys mandaram os governos aflitos de então passar pela porta dos fundos cujo letreiro dizia, implosão bancária/financeira.

Este tipo de implosão é extremamente fácil de se conseguir, como demonstro neste meu artigo.

http://profundaescuridao.blogspot.pt/2013/04/a-torre-de-basileia-2-parte-cviii.html

Mexe-se com o dinheiro das pessoas "e tudo leva o julgamento racional". O possível "risco sistémico" dito e redito pelos servos da politica trazia a nuance em anunciar a ruína económica caso os banqueiros aflitos não fossem salvos.

Chamei a este golpe na altura de "congame", ou em bom português, a arte de bem enganar.

Aos lordes banqueiros do BIS, bastou exigir um rácio incomportável e os bancos comerciais que andaram a fazer diabruras tombaram um a um. Este é um facto ignorado mas passível de ser mostrado em todos os países que estão a ser ajudados financeiramente. Na Grécia, é o que se sabe, bancos e casas de investimento americanas detinham o país pelos tomates. No Chipre tivemos o Bank Of cyprus, que para não falir, roubou os depositantes... com a ajuda do estado.

Em Portugal tivemos o BPN, o banco da social democracia, que para não falir, faliu ainda mais o estado. Deixou-se de fora quem interessava (SLN) tendo sido vendido por uma bagatela a um ex ministro e banqueiro dessa tal social democracia. Em Espanha a mesma merda, Irlanda igual, e se leram o artigo que indiquei à pouco, o modus operandis já é usado pelo menos desde 1988 no Japão.

Isto assim é muito fácil , eles sabem perfeitamente quais os bancos que conseguem manter o rácio pretendido e quais aqueles que irão entrar em bancarrota. Para uma melhor compreensão é favor ler os dois artigos "a torre de Basileia", está lá tudo a este respeito. Os bancos têm "dificuldades" em criar linhas de crédito porque necessitam desse mesmo dinheiro para manter o rácio exigido pelo BIS. É tão simples quanto isso.



Os problemas sociais e económicos são similares entre os países porque todos vivem de socialismos e sociais democracias. Estas ideologias de governação, caducas por natureza, facilitam não só a queda do dominó quando é preciso, como agregam o controlo da sociedade, instalando a bipolarização no poder. O miserabilismo que acompanha estas militâncias é notório, dado todos estes sistemas terem sido criados em prol da elite e nunca do povo. Não existe um que nos sirva. Se tinha de ser criado um novo modelo? É tão óbvio quanto utópico.

A reforma do estado (avançar na agenda) surge então com naturalidade para todos os países à rasca, porque não aproveitar a crise para refundar as bases para uma nova sociedade? Refundação essa que de outro modo nunca seria sequer equacionada, nem mesmo pela Nova Moscovo. Pé sobre pé lá vão construindo o modelo de sociedade autoritária que sempre preconizaram, autorizada por cada um daqueles que assinou os diversos tratados desde 1986 e que entregaram de bandeja todos os tentáculos do polvo, exceptuando dois, o sistema fiscal e orçamental. Por enquanto.

Tudo o resto esqueçam, o sistema politico foi entregue em mão à Nova Moscovo e o politburo europeu estará sempre por "baixo" de uma qualquer comissão ou távola redonda, por isso, o seu poder é ineficaz. Bem ao estilo da antiga soviete, são muito bons a montar comissões de inquérito que não levam a lado nenhum, mas de resto, estão de mãos atadas quando não coniventes com a "rede" e sua "obra".

A ordem saída do caos é usada infinitamente por quem está incumbido de construir a utopia privada. E nesta nova fase que vivemos e que foi anunciada por exemplo neste relatório do RIIA (Chatham House) onde se afirma que na próxima década, alterações profundas serão introduzidas na matriz sócio económica dos países por forma a introduzir a próxima agenda, é de esperar cada vez mais semelhanças entre um passado não muito distante e um futuro que é já amanhã. Acordem!

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